APRENDA MAIS UM POUCO SOBRE DIABETES E VIVA MELHOR.
O que é Diabetes?
Diabetes mellitus é uma doença metabólica
caracterizada por um aumento anormal do açúcar ou glicose no sangue. A
glicose é a principal fonte de energia do organismo porém, quando em
excesso, pode trazer várias complicações à saúde como por exemplo o
excesso de sono no estágio inicial, problemas de cansaço e problemas
físicos-táticos em efetuar as tarefas desejadas. Quando não tratada
adequadamente, podem ocorrem complicações como Ataque cardíaco, derrame
cerebral, insuficiência renal, problemas na visão, amputação do pé e
lesões de difícil cicatrização, dentre outras complicações.
Embora ainda não haja uma cura definitiva para
a/o diabetes (a palavra tanto pode ser feminina como masculina), há
vários tratamentos disponíveis que, quando seguidos de forma regular,
proporcionam saúde e qualidade de vida para o paciente portador.
Diabetes é uma doença bastante comum no mundo,
especialmente na América do Norte e norte da Europa, acometendo cerca de
7,6% da população adulta entre 30 e 69 anos e 0,3% das gestantes.
Alterações da tolerância à glicose são observadas em 12% dos indivíduos
adultos e em 7% das grávidas. Porém estima-se que cerca de 50% dos
portadores de diabetes desconhecem o diagnóstico. Segundo uma projeção
internacional, com o aumento do sedentarismo, obesidade e envelhecimento
da população o número de pessoas com diabetes no mundo vai aumentar em
mais de 50%, passando de 380 milhões em 2025.
História
A diabetes mellitus já era conhecida antes da era
cristã. No papiro de Ebers descoberto no Egito, correspondente ao século
XV antes de Cristo, já se descrevem sintomas que parecem corresponder à
diabetes.
Foi Areteu da Capadócia quem, no século II, deu a
esta doença o nome de "diabetes", que em grego significa "sifão",
referindo-se ao seu sintoma mais chamativo que é a eliminação exagerada
de água pelos rins, expressando que a água entrava e saía do organismo
do diabético sem fixar-se nele (polidipsia e poliúria, características
da doença e por ele avaliadas por esta ordem). Ainda no século II,
Galeno, contemporâneo de Areteu, também se referiu à diabetes,
atribuindo-a à incapacidade dos rins em reter água como deveriam.
Nos séculos posteriores não se encontram nos
escritos médicos referências a esta enfermidade até que, no século XI,
Avicena refere com precisão esta afecção em seu famoso Cânon da
Medicina.
Após um longo intervalo Thomas Willis, em 1679,
fez uma magistral descrição da diabetes para a época, ficando desde
então reconhecida por sua sintomatologia como entidade clínica. Foi ele
quem, referindo-se ao sabor doce da urina, lhe deu o nome de diabetes
mellitus (sabor de mel), apesar de esse fato já ter sido registrado
cerca de mil anos antes na Índia, por volta do ano 500.
Em 1775 Dopson identificou a presença de glicose
na urina. Frank, por essa altura também, classificou a diabetes em duas
formas: diabetes mellitus (ou vera), e insípida, esta sem apresentar
urina doce. A primeira observação feita através de uma necropsia em um
diabético foi realizada por Cawley e publicada no London Medical Journal
em 1788. Quase na mesma época o inglês John Rollo, atribuindo à doença
uma causa gástrica, conseguiu melhorias notáveis com um regime rico em
proteínas e gorduras e limitado em hidratos de carbono.
Os primeiros trabalhos experimentais relacionados
com o metabolismo dos glicídios foram realizados por Claude Bernard, o
qual descobriu, em 1848, o glicogênio hepático e provocou a aparição de
glicose na urina excitando os centros bulbares. Ainda na metade do
século XIX, o grande clínico francês Bouchardat assinalou a importância
da obesidade e da vida sedentária na origem da diabetes e traçou as
normas para o tratamento dietético, baseando-a na restrição dos
glicídios e no baixo valor calórico da dieta. Os trabalhos clínicos e
anatômico-patológicos adquiriram grande importância em fins do século
XIX, nas mãos de Frerichs, Cantani, Naunyn, Lanceraux, etc., tendo
culminado em experiências de pancreatectomia em cães, realizadas por
Mering y Mikowski em 1889.
A busca do suposto hormônio produzido pelas
ilhotas de Langerhans, células do pâncreas descritas em 1869 por Paul
Langerhans, iniciou-se de imediato. Hedon, Gley, Laguessee Sabolev
estiveram muito próximos do almejado triunfo, o qual foi conseguido
pelos jovens canadenses Banting e Charles Best, que conseguiram, em
1921, isolar a insulina e demonstrar seu efeito hipoglicêmico. Esta
descoberta significou uma das maiores conquistas médicas do século XX,
porque transformou as expectativas e a vida dos diabéticos e ampliou
horizontes no campo experimental e biológico para o estudo da diabetes e
do metabolismo dos glicídios.
Posteriormente, o transplante de pâncreas passou a
ser considerado uma alternativa viável à insulina para o tratamento da
diabetes mellitus do tipo 1. O primeiro transplante de pâncreas com essa
finalidade foi realizado em 1966, na universidade de Manitoba. Uma
linha mais recente de pesquisa na Medicina tem buscado fazer o
transplante apenas das ilhotas de Langerhans. O procedimento é simples,
tem poucas complicações e exige uma hospitalização de curta duração. O
grande problema é a obtenção das células, que são originárias de
cadáveres. São necessários em média três doadores para se conseguir um
número razoável de células.
Epidemiologia
O diabetes afeta cerca de 12% da população no Brasil
(aproximadamente 22 milhões de pessoas)e 5% da população de Portugal
(500 mil pessoas).
O diabetes tipo 1 ocorre em freqüência menor em
indivíduos negros e asiáticos e com freqüência maior na população
européia, principalmente nas populações provenientes de regiões do norte
da Europa. A frequência entre japoneses é cerca de 20 vezes menor que
entre escandinavos. Em São Paulo a incidência do tipo 1 é de 7,6 casos a
cada 100.000 habitantes.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em
2006 havia cerca de 171 milhões de pessoas doentes da diabetes, e esse
índice aumenta rapidamente. É estimado que em 2030 esse número dobre. A
Diabetes Mellitus ocorre em todo o mundo, mas é mais comum
(especialmente a tipo II) nos países mais desenvolvidos. O maior aumento
atualmente é esperado na Ásia e na África, onde a maioria dos
diabéticos será visto em 2030. O aumento do índice de diabetes em países
em desenvolvimento segue a tendência de urbanização e mudança de
estilos de vida.
A diabetes está na lista das 5 doenças de maior
índice de morte no mundo, e está chegando cada vez mais perto do topo da
lista. Por pelo menos 20 anos, o número de diabéticos na América do
Norte está aumentando consideravelmente. Em 2005 eram em torno de 20.8
milhões de pessoas com diabetes somente nos Estados Unidos. De acordo
com a American Diabetes Association existem cerca de 6.2 milhões de
pessoas não diagnosticadas e cerca de 41 milhões de pessoas que poderiam
ser consideradas pré-diabéticas. Os Centros de Controles de Doenças
classificaram o aumento da doença como epidêmico, e a NDIC (National
Diabetes Information Clearinghouse) fez uma estimativa de US$132 bilhões
de dólares, somente para os Estados Unidos este ano.
Classificações
O
tipo 1 representa cerca de 8-10% e o tipo 2 cerca de 85-90% dos casos.
Dependendo da causa, o Diabetes pode ser classificado como:
- I. Diabetes mellitus tipo 1
- Destruição das células beta, usualmente levando à deficiência completa de insulina
- Auto-imune
- Idiopático (causa desconhecida)
- II. Diabetes mellitus tipo 2
- Graus variados de diminuição de secreção e resistência à insulina
- III. Outros tipos específicos
- Defeitos genéticos da função da célula ?
- Defeitos genéticos da ação da insulina
- Doenças do pâncreas exócrino
- Endocrinopatias
- Indução por drogas ou produtos químicos
- Infecções
- Formas incomuns de diabetes imuno-mediado
- IV. Diabetes gestacional
Sinais e sintomas
Aumento da sede é um dos sintomas de hiperglicemia
A tríade clássica dos sintomas da diabetes:
Outros sintomas importantes incluem:
- Perda de peso
- Visão turva
- Cetoacidose diabética
- Síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica.
Pode ocorrer
perda de peso.
Estes sintomas podem se desenvolver bastante rapidamente no tipo 1,
particularmente em crianças (semanas ou meses) ou pode ser sutil ou
completamente ausente ? assim como pode se desenvolver muito mais
lentamente ? no tipo 2. No tipo 1 pode haver também
perda de peso (apesar da fome aumentada ou normal) e
fadiga. Estes sintomas podem também se manifestar na diabetes tipo 2 em pacientes cuja diabetes é mal controlada.
Problemas de visão atingem 40% dos diabéticos
insulino-dependentes e e 20% dos diabéticos não insulino-dependentes.
Sendo mais comum em mulheres e entre os 30 aos 65 anos. Caso não seja
tratado pode causar
catarata,
glaucoma e
cegueira. Depois de 10 anos de doença, problemas de visão atingem 50% dos pacientes e depois de 30 anos atingem 90%.
Fatores de risco
Os principais fatores de risco para o diabetes mellitus são:
- Idade acima de 45 anos;
- Obesidade (>120% peso ideal ou índice de massa corporal Ž 25kg/m2);
- História familiar de diabetes em parentes de 1° grau;
- Diabetes gestacional ou macrossomia prévia;
- Hipertensão arterial sistêmica;
- Colesterol HDL abaixo de 35mg/dl e/ou triglicerídeos acima de 250mg/dl;
- Alterações prévias da regulação da glicose;
- Indivíduos membros de populações de risco (negros, hispânicos, escandinavos e indígenas).
Diagnóstico
O diagnóstico do diabetes normalmente é feito com
base na verificação das alterações da glicose no sangue em jejum e após
ingestão de grandes doses de açúcar em dois dias diferentes.
Para realizar o teste confirmatório do Diabetes o
paciente deve permanecer em jejum de 8h (é permitido beber água) antes
da primeira coleta de sangue. Em seguida deve-se ingerir 75g de glicose
anidra (ou 82,5g de glicose monoidratada), dissolvidas em 250-300ml de
água, em no máximo 5 minutos. Uma nova coleta de sangue é feita 2 horas
após a ingestão de glicose. Durante a espera o paciente não pode fumar e
deve permanecer em repouso.
A diabetes mellitus é caracterizada pela
hiperglicemia recorrente ou persistente, e é diagnosticada ao se
demonstrar qualquer um dos itens seguintes:
- Nível plasmático de glicose em jejum de 8h maior ou igual a 126 mg/dL (7,0 mmol/l)em duas ocasiões.
- Nível plasmático de glicose maior ou igual a
200 mg/dL ou 11,1 mmol/l duas horas após ingerir uma dose de 75g de
glicose anidra em duas ocasiões.
- Nível plasmático de glicose aleatória em ou
acima de 200 mg/dL ou 11,1 mmol/l associados a sinais e sintomas típicos
de diabetes.
Não é necessário fazer o re-teste caso o paciente
já possua os sintomas característicos. Caso o nível de glicose esteja
entre 140 e 200 após a ingestão da glicose anidra é diagnosticado uma
tolerância à glicose diminuída,
conhecida como pré-diabetes e que exige que o paciente faça atividade
física regular, perca peso e reduza muito seu consumo de carboidratos
para não desenvolver diabetes. O mesmo vale para pessoas com nível de
glicose no sangue em jejum entre 110 e 126, sendo assim diagnosticados
com glicose plasmática de jejum alterada.
Caso a paciente esteja
grávida,
um nível de glicose acima de 110 em jejum ou de 140 após ingerir 75g de
glicose já é suficiente para indicar diabetes gestacional.
Causas
Infecção virais podem desencadear respostas auto-imunes que resultam no Diabetes Mellitus tipo 1
No Brasil, 40% têm excesso de peso e 10 a 15 %
têm obesidade e o aumento do tecido gorduroso leva à produção exagerada
de substâncias que interferem com a ação da insulina produzida pelo
pâncreas.
Existem inúmeras causas para a Diabetes:
- Defeitos genéticos no funcionamento da célula ? (beta):
- Transmissão autossômica dominante de início precoce ('Maturity Onset Diabetes of the Young')
- Mutações no DNA mitocondrial
- Defeitos genéticos no processamento de insulina ou ação da insulina
- Defeitos na conversão pró-insulina
- Mutações de gene responsável pela produção de insulina
- Mutações de receptor da insulina
- Poliendocrinopatia por mutações do gene regulador da auto-imunidade
Fatores Genéticos
Ambos os tipos 1 e 2 tem fatores genéticos
importantes, sendo o principal fator desencadeante de 20-30% dos casos
de tipo 1 e de 5-10% dos casos de diabetes tipo 2. Geralmente essa
predisposição genética resulta em disfunção do pâncreas na produção de
insulina. O tipo 1 é desencadeado mais cedo, atingindo crianças e
adolescentes (principalmente por volta dos 10 aos 14 anos), justamente
pelo fator genético. Pode ter tanto origem monogênica (um único gene
defeituoso em áreas centrais da produção de insulina) quanto poligênica
(vários genes em áreas secundárias). Os estudos indicam por volta de 20
genes responsáveis mas apenas 13 foram comprovados.
Estudos indicam que cerca de 12% da população ocidental possui um ou mais genes favoráveis ao desenvolvimento de diabetes.
A diabetes tipo 2 (Diabetes Mellitus tipo 2)
também tem um fator genético, ocorrendo simultaneamente em 50 a 80% dos
gêmeos idênticos e 20% dos não-idênticos. Entre os Pima (nativos
americanos do Arizona) 50% da população desenvolve a Diabetes Mellitus
tipo 2 enquanto em certos grupos orientais atinge menos de 1%.[23]
Porém, é importante lembrar que mesmo com uma genética favorável,
hábitos saudáveis servem para prevenir e adiar o aparecimento dessa
doença que acomete geralmente apenas os obesos, hipertensos e
dislipidêmicos (que compreendem de 90-95% de todos os casos).
Fisiopatologia
O Diabetes é resultado de um defeitos na
secreção de insulina e/ou em sua recepção pelas células beta no pâncreas
As células beta produzem insulina quando a
glicose está alta, por exemplo depois de digerir carboidratos, e as
células alfa produzem glucagon quando a glicose está baixa, por exemplo
durante o jejum ou em situação estressante.
O
pâncreas é o
órgão responsável pela produção do
hormônio denominado
insulina. Este hormônio é responsável pela
regulação da glicemia (
glicemia: nível de glicose no sangue). Para que as células das diversas partes do corpo humano possam realizar o processo de
respiração aeróbica (utilizar glicose como fonte de energia), é necessário que a glicose esteja presente na
célula. Portanto, as células possuem receptores de
insulina
(tirosina quínase) que, quando acionados "abrem" a membrana celular
para a entrada da glicose presente na circulação sanguínea. Uma falha na
produção de insulina resulta em altos níveis de glicose no
sangue, já que esta última não é devidamente dirigida ao interior das células.
Visando manter a glicemia constante, o pâncreas também produz outro hormônio antagônico à
insulina, denominado
glucagon. Ou seja, quando a glicemia cai, mais
glucagon
é secretado visando restabelecer o nível de glicose na circulação. O
glucagon é o hormônio predominante em situações de jejum ou de estresse,
enquanto a insulina tem seus níveis aumentados em situações de
alimentação recente.
Como a
insulina é o principal
hormônio que regula a quantidade de
glicose
absorvida pela maioria das células a partir do sangue (principalmente
células musculares e de gordura, mas não células do sistema nervoso
central), a sua deficiência ou a insensibilidade de seus receptores
desempenham um papel importante em todas as formas da diabetes mellitus.
Grande parte do
carboidrato dos alimentos é convertido em poucas horas no
monossacarídeo glicose, o principal carboidrato encontrado no sangue. Alguns carboidratos não são convertidos. Alguns exemplos incluem a
frutose
que é utilizada como um combustível celular, mas não é convertida em
glicose e não participa no mecanismo regulatório metabólico da insulina /
glicose; adicionalmente, o carboidrato celulose não é convertido em
glicose, já que os humanos e muitos animais não têm vias digestivas
capazes de digerir a celulose.
A insulina é liberada no sangue pelas
células beta
(células-?) do pâncreas em resposta aos níveis crescentes de glicose no
sangue (por exemplo, após uma refeição). A insulina habilita a maioria
das células do corpo a absorverem a glicose do sangue e a utilizarem
como combustível, para a conversão em outras moléculas necessárias, ou
para armazenamento. A insulina é também o sinal de controle principal
para a conversão da glicose (o açúcar básico usado como combustível) em
glicogênio
para armazenamento interno nas células do fígado e musculares. Níveis
reduzidos de glicose resultam em níveis reduzidos de secreção de
insulina a partir das células beta e na conversão reversa de glicogênio a
glicose quando os níveis de glicose caem.
Níveis aumentados de insulina aumentam muitos processos
anabólicos (de crescimento) como o crescimento e duplicação celular, síntese proteica e armazenamento de gordura.
Se a quantidade de insulina disponível é
insuficiente, se as células respondem mal aos efeitos da insulina
(insensibilidade ou resistência à insulina), ou se a própria insulina
está defeituosa, a glicose não será administrada corretamente pelas
células do corpo ou armazenada corretamente no fígado e músculos. O
efeito dominó são níveis altos persistentes de glicose no sangue, síntese proteica pobre e outros distúrbios metabólicos, como a
acidose.
Quando a concentração de glicose no sangue está alta (acima do limiar renal), a reabsorção de glicose no
túbulo proximal do rim é incompleta, e parte da glicose é excretada na urina (
glicosúria). Isto aumenta a
pressão osmótica
da urina e consequentemente inibe a reabsorção de água pelo rim,
resultando na produção aumentada de urina (poliúria) e na perda
acentuada de líquido. O volume de sangue perdido será reposto
osmoticamente da água armazenada nas células do corpo, causando
desidratação e sede aumentada.
Quando os níveis altos de glicose permanecem
por longos períodos, a glicose causa danos ao sistema circulatório da
retina, levando a dificuldades de visão conhecidas como
Retinopatia diabética.
A visão borrada é a reclamação mais comum que leva ao diagnóstico de
diabetes; o tipo 1 deve ser suspeito em casos de mudanças rápidas na
visão, ao passo que o tipo 2 geralmente causa uma mudança mais gradual.
Cetoacidose diabética
Pacientes (geralmente os com diabetes tipo 1) podem apresentar também
cetoacidose diabética, um estado extremo de desregulação
metabólica caracterizada pelo cheiro de acetona na respiração do paciente,
respiração de Kussmaul (uma respiração rápida e profunda), poliúria,
náusea,
vômito e
dor abdominal
e qualquer um dos vários estados de consciência alterados (confusão,
letargia, hostilidade, mania, etc). Na cetoacidose diabética severa,
pode ocorrer o
coma (inconsciência), progredindo para a
morte. De qualquer forma, a cetoacidose diabética é uma
emergência médica
e requer atenção de um especialista. Um estado raro, porém igualmente
severo, é o coma hiperosmolar não-cetótico, que é mais comum na diabetes
tipo 2, e é principalmente resultante da desidratação devido à perda de
líquido corporal.
Frequentemente o paciente têm ingerido quantidades imensas de bebidas contendo açúcar, levando a uma
desidratação em decorrência da perda de líquido. Em pacientes que utilizam hipoglicemiantes ou insulina podem ocorrer crises de
hipoglicemia
se não houver alimentação adequada, uma vez que continua sendo possível
a absorção de glicose pelas células. Os sintomas predominantes são
confusão mental, agitação ou letargia, sudorese e perda de consciência.
Aos primeiros sinais deve ser tentada administração oral de solução
doce, mas não sendo possível deverá ser tratado como uma emergência
médica e ser medicado com glucagon ou glicose endovenosa.
Tipos
O termo
diabetes, geralmente se refere à
diabetes mellitus, mas existem muitas outras condições, mais raras, também denominadas como "diabetes". A
diabetes insípida (insípida significa "sem gosto" em
Latim),
é uma doença rara, na qual há menor alteração na glicose do organismo
porém com sintomas semelhantes ao diabetes mellitus. Esta diabetes pode
ser causada por danos aos
rins ou à
glândula pituitária.
Diabetes mellitus tipo 1
No caso da
Diabetes mellitus tipo 1, esta aparece quando o
Sistema imunitário
do doente ataca as células beta do pâncreas. A causa desta confusão
ainda não foi definida, apesar de parecer estar associada a casos de
constipações e outras doenças. O tipo de alimentação, o estilo de vida,
etc. não têm qualquer influência no aparecimento deste tipo de diabetes.
Normalmente se inicia na
infância ou
adolescência, e se caracteriza por um déficit de insulina, devido à destruição das
células beta do
pâncreas por processos auto-imunes ou
idiopáticos.
Só cerca de 1 em 20 pessoas diabéticas tem diabetes tipo 1, a qual se
apresenta mais frequentemente entre jovens e crianças. Este tipo de
diabetes se conhecia como
diabetes mellitus insulino-dependente ou
diabetes infantil.
Nela, o corpo produz pouca ou nenhuma insulina. As pessoas que padecem
dela devem receber injeções diárias de insulina. A quantidade de
injeções diárias é variável em função do tratamento escolhido pelo
endocrinologista e também em função da quantidade de insulina produzida
pelo pâncreas. A insulina sintética pode ser de ação lenta ou rápida: a
de ação lenta é ministrada ao acordar e ao dormir (alguns tipos de
insulina de ação lenta, porém, são ministradas apenas uma vez por dia) ;
a de ação rápida é indicada logo antes de grandes refeições. Para
controlar este tipo de diabetes é necessário o equilíbrio de três
fatores: a insulina, a alimentação e o exercício.
Sobre a alimentação é preciso ter vários fatores
em conta. Apesar de ser necessário algum rigor na alimentação, há de
lembrar que este tipo de diabetes atinge essencialmente jovens, e esses
jovens estão muitas vezes em crescimento e têm vidas ativas. Assim, o
plano alimentar deve ser concebido com isso em vista, uma vez que muitas
vezes se faz uma dieta demasiado limitada para a idade e atividade do
doente. Para o dia a dia, é desaconselhável a ingestão de carboidratos
de ação rápida (sumos, bolos, cremes) e incentivado os de ação lenta
(pão, bolachas, arroz, massa?) de modo a evitar picos de glicemia.
Resultados contraditórios têm sido relatados
sobre os benefícios da atividade física no controle metabólico desses
pacientes. Ainda controverso também é o tipo de exercício (
aeróbica
ou treinamento resistido), alimentação antes do exercício e dose de
insulina mais benéfico neste grupo. A prática de exercícios pode agravar
a
cetose e
hipoglicemia porém diminuem os riscos de problemas cardíacos e melhoram o controle glicêmico e o perfil lipídico especialmente em jovens. (
Mais informações sobre exercícios e diabetes tipo 1)
Nas grandes cidades existem academias especializadas em pacientes com
problemas de saúde e que podem ajudar na escolha e monitoração correta
da prática dos exercícios para diabéticos.
Diabetes mellitus tipo 2
Antigamente chamada de
Diabetes Não Insulino-dependente ou
Diabetes Tardio,
tem mecanismo fisiopatológico complexo e não completamente elucidado.
Parece haver uma diminuição na resposta dos receptores de glicose
presentes no tecido periférico à insulina, levando ao fenômeno de
resistência à insulina. As células beta do pâncreas aumentam a produção
de insulina e, ao longo dos anos, a resistência à insulina acaba por
levar as células beta à exaustão.
Desenvolve-se frequentemente em etapas
adultas da vida e é muito frequente a associação com a obesidade e
idosos. Vários fármacos e outras causas podem, contudo, causar este tipo
de diabetes. É muito frequente a diabetes tipo 2 associada ao uso
prolongado de corticoides, frequentemente associada à hemocromatose não
tratada.
Diabetes gestacional
A
diabetes gestacional
também envolve uma combinação de secreção e responsividade de insulina
inadequados, assemelhando-se à diabetes tipo 2 em diversos aspectos. Ela
se desenvolve durante a gravidez e pode melhorar ou desaparecer após o
nascimento do bebê. Embora possa ser temporária, a diabetes gestacional
pode trazer danos à saúde do feto e/ou da mãe, e cerca de 20% a 50% das
mulheres com diabetes gestacional desenvolvem diabetes tipo 2 mais
tardiamente na vida.
A diabetes mellitus gestacional (DMG) ocorre em cerca de 2% a 7% de todas as
gravidezes. Ela é temporária e completamente tratável mas, se não tratada, pode causar problemas com a gravidez, incluindo
macrossomia fetal
(peso elevado do bebê ao nascer), malformações fetais e doença cardíaca
congênita. Ela requer supervisão médica cuidadosa durante a gravidez.
Os riscos fetais/neonatais associados à DMG incluem anomalias congênitas
como malformações cardíacas, do sistema nervoso central e de músculos
esqueléticos. A insulina fetal aumentada pode inibir a produção de
surfactante fetal e pode causar problemas respiratórios. A
hiperbilirrubinemia pode causar a destruição de hemácias. Em muitos
casos, a morte perinatal pode ocorrer, mais comumente como um resultado
da má profusão placentária devido a um prejuízo vascular !
Outros tipos
Outros tipos de diabetes <5% de todos os casos diagnosticados:
- A: Defeito genético nas células beta.
- B: Resistência à insulina determinada geneticamente.
- C: Doenças no pâncreas.
- D: Causada por defeitos hormonais.
- E: Causada por compostos químicos ou fármacos.
- F: Infecciosas (rubéola congênita, citamegalovírus e outros).
- G: Formas incomuns de diabetes imuno-mediadas (síndrome do "Homem Rígido", anticorpos anti-insulina e outros)
- H: Outras síndromes genéticas algumas vezes associadas com diabetes (síndrome de Down; síndrome de Klinefelter, síndrome de Turner, síndrome de Wolfram, ataxia de Friedreich, coréia de Huntington, síndrome de Laurence-Moon-Biedl, distrofia miotônica, porfiria, síndrome de Prader-Willi e outras)
Complicações
As complicações da diabetes são muito menos
comuns e severas nas pessoas que possuem os níveis glicêmicos (de açúcar
no sangue) bem controlados, mantendo-os entre 70 e 100 mg/dl em jejum.
As complicações causadas pela diabetes se dão
basicamente pelo excesso de glicose no sangue, sendo assim, existe a
possibilidade de glicosilar as proteínas além de retenção de água na
corrente sanguínea, e retirada da mesma do espaço intercelular.
Complicações agudas
Complicações crônicas
A frequência de problemas cardíacos como
acidente vascular cerebral (AVC) e
ataque cardíaco são entre 2 a 4 vezes maior nas pessoas com diabetes. Os fatores de risco dos problemas crônicos são:
hipertensão arterial, alteração do metabolismo das gorduras (aumento do
colesterol ruim, aumento dos
triglicérides e redução do
colesterol bom),
tabagismo,
obesidade, pouca atividade física e presença de
microalbuminúria (proteína na urina).
Tratamento
A
diabetes mellitus é uma doença
crônica, sem cura por tratamentos convencionais, e sua ênfase médica
deve ser necessariamente em evitar/administrar problemas possivelmente
relacionados à diabetes, a longo ou curto prazo.
O tratamento é baseado em cinco conceitos:
- Conscientização e educação do paciente, sem a qual não existe aderência.
- Alimentação e dieta adequada para cada tipo de diabetes e para o perfil do paciente.
- Vida ativa, mais do que simplesmente exercícios.
- Medicamentos:
- Hipoglicemiantes orais
- Insulina
- Monitoração dos níveis de glicose e hemoglobina glicada.
É extremamente importante a educação do
paciente, o acompanhamento de sua dieta, exercícios físicos, monitoração
própria de seus níveis de glicose, com o objetivo de manter os níveis
de glicose a longo e curto prazo adequados. Um controle cuidadoso é
necessário para reduzir os riscos das complicações a longo prazo.
Isso pode ser alcançado com uma
combinação de dietas, exercícios e perda de peso (tipo 2), várias drogas
diabéticas orais (tipo 2 somente) e o uso de insulina (tipo 1 e tipo 2
que não esteja respondendo à medicação oral). Além disso, devido aos
altos riscos associados de doença cardiovascular, devem ser feitas
modificações no estilo de vida de modo a controlar a pressão arterial e o
colesterol,
se exercitando mais, fumando menos e consumindo alimentos apropriados
para diabéticos, e se necessário, tomando medicamentos para reduzir a
pressão.
O uso de
bombas de insulina
podem ajudar na administração regular de insulina, porém tem custo
elevado quando comparadas as seringas comuns. Outras opções incluem as
canetas de insulina e os injetores de insulina a jato.
- Cura do Diabetes Mellitus Tipo 2 por Cirurgia
Um estudo feito por médicos franceses
publicado na ScienceDirect, confirmou o que médicos já haviam observado,
a cirurgia de redução de estomago (
Gastroplastia)
usada no tratamento da obesidade mórbida ajuda a controlar o diabetes
mellitus tipo 2, um estudo mais aprofundado feito por Francesco Rubino,
levou à criação de uma cirurgia no intestino que tem alta eficiência no tratamento da diabetes tipo 2 para pessoas não obesas.
Projeto de lei para diabéticos no Brasil
Os portadores de diabetes tem direito à
concessão de uma série de benefícios já previstos em lei para outras
doenças. A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou
proposta que altera uma série de normas garantindo aos portadores de
diabetes o direito de sacar dinheiro do
PIS-Pasep e do
FGTS; além de garantir o recebimento de
Auxílio-doença e
aposentadoria por invalidez sem carência. A proposta também dá aos diabéticos direito a passe livre no
transporte público.
O governo brasileiro investiu 200 milhões
para a criação de uma unidade industrial, em Brasília, para produzir
cristais de insulina, a única da América Latina. Essa fábrica começou a
funcionar em 2009 e tem por objetivo produzir mais de 10 milhões de
unidades de insulina para atender a demanda nacional.
Medicamentos gratuitos
Desde o dia 14 de fevereiro de 2011 o
Ministério da Saúde brasileiro
está implantando o projeto "Saúde não tem preço" que disponibiliza os
remédios para diabetes gratuitamente em 15.000 farmácias do país.
Os remédios disponíveis são:
- Glibenclamida 5 mg, comprimido
- Cloridrato de metformina 500 mg, comprimido
- Cloridrato de metformina 850 mg, comprimido
- Cloridato de metformina de ação prolongada 500 mg
- Insulina Humana NPH 100 UI/ml ? suspensão injetável, frasco-ampola (10ml e 5ml) e refil (3ml e 1,5ml carpule)
- Insulina Humana Regular 100 UI/ml, solução injetável, frasco-ampola (10ml e 5ml) e refil (3ml e 1,5ml carpule)
Prevenção
Os riscos de complicações em ambos tipos de
diabetes podem ser reduzidos com mudanças na dieta e atividades físicas
regulares. Os portadores de
tolerância diminuída à glicose (TDG) e
glicemia de jejum alterada
(GJA) devem fazer uma dieta rígida sem , praticar atividade física pelo
menos 3 vezes por semana e, quando necessário e aprovado, usar remédios
para evitar complicações. Atividades físicas, dieta rígida e perda de
peso entre os grupos de risco diminuem o risco de desenvolvimento do
Diabetes tipo 2 pela metade.
A prática de exercícios físicos traz
benefícios como a melhor utilização do oxigênio pelo organismo, aumento
da captação da glicose pelo músculo e aumento da sensibilidade celular à
insulina a partir das primeiras semanas e que dura enquanto eles
estiverem sendo regularmente. Com a insulina sendo usada de forma mais
eficaz o portador de diabetes passa a precisar de doses menores para
queimar a glicose extra.
Em pessoas com pré-diabetes tipo 2, o uso de baixas doses de
rosiglitazona (2mg) e
metformina (500mg) reduz em cerca de 66% o risco de desenvolver diabetes e causa poucos efeitos adversos.
Prevenção do diabetes tipo 1
É possível detectar fatores de risco para o
desenvolvimento do diabetes tipo 1 utilizando auto anticorpos contra
múltiplos antígenos pancreáticos. Existe uma correlação significativa
entre a presença de dois ou mais auto anticorpos e o desenvolvimento de
diabetes mesmo em indivíduos sem parentes diabéticos (90% dos casos).
Tratamentos com imunossupressores como
azatioprina,
corticoesteróides e
ciclosporina,
permitem a diminuição da dose necessária de reposição insulínica porém
são poucos efetivos a longo prazo e ao suspender o uso dos
imunossupressores além de causarem efeitos colaterais.
Cientistas da Universidade de Maryland descobriram uma proteína, chamada de
zonulina, que é produzida em grandes quantidades nas pessoas com
doenças auto-imunes.
Esta superprodução leva numa cadeia de reações à destruição das células
beta. Os pesquisadores testaram em ratos uma substância que inibe a
ação da zonulina, evitando a progressão das lesões nas células beta
pancreáticas. Este inibidor, denominado experimentalmente de AT-1001
agora está sendo testado em humanos.
Prevenção das complicações
Quanto melhor o controle, menor será o risco
de complicações. Desta maneira, a educação do paciente, compreensão e
participação é vital. Os profissionais da saúde que tratam diabetes
também tentam conscientizar o paciente a se livrar certos hábitos que
sejam prejudiciais à diabetes. Estes incluem
ronco,
apneia do sono,
tabagismo,
colesterol elevado (controle ou redução da dieta, exercícios e medicações),
obesidade (mesmo uma perda modesta de peso pode ser benéfica),
pressão sanguínea alta (exercício e medicações, se necessário) e sedentarismo.
Recomenda-se manter um peso saudável, e ter
no mínimo 3 horas de exercício por semana, não ingerir muita gordura, e
comer uma boa quantidade de fibras e grãos. Embora os médicos não
recomendem o consumo de álcool, um estudo indica que o consumo moderado
de álcool pode reduzir o risco.
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